É isso mesmo: sou um garoto e estou escrevendo uma história. Mas não é uma história qualquer; é a minha história. A história de como de repente, num piscar de olhos, eu, Guilherme Souto, um cara legal, inteligente (modéstia à parte) e que não acredita no amor, me apaixonei loucamente pela minha melhor amiga.
Portanto, se não gostou do que leu ou não se interessou por ela, pode parar de ler e ir assistir TV. Mas aviso logo, estará perdendo uma ótima trama.
Para aqueles que não são desistentes, são curiosos e gostariam de saber como a minha vida virou de cabeça para baixo e como isso terminou, sugiro que se sentem ou deitem, no modo em que vocês fiquem os mais relaxados possíveis e prestem bastante atenção nos detalhes.
Sejam bem-vindos ao meu mundo!
Obs.: isso não é um conto de fadas, não é um romance onde a mocinha e o mocinho enfrentam a tudo e a todos para que no final sejam felizes para sempre. Isso não é uma história de amor; e sim, de REALIDADE.
------------------------------------------------------------------------------------------
Capítulo 1
Tudo começou hoje, ou melhor, há exatamente 10 anos. No primeiro dia de aula da escola Incentivo, e lá estava eu, na porta da sala com apenas seis anos e morrendo de medo, já que não conhecia ninguém. Até que apareceu uma menina morena de olhos castanhos, da mesma idade que a minha, que falou comigo. Seu nome era Annabelle (Belle para os íntimos). Ela era meiga, engraçada, não sei se era bonita, pois naquela época, AINDA não olhava para as garotas com outros olhos, principalmente a Belle. Mas, enfim, desde esse dia, eu e ela não nos separamos mais. Éramos melhores amigos e somos até hoje, e isso bastava para mim... Pelo menos era o que eu achava.
Agora sim, hoje é o primeiro dia de aula no Colégio San Martins. Eu e a Belle como éramos novatos e não conhecíamos ninguém, resolvemos nos encontrar na porta de entrada da escola. Como eu sabia que a Belle era uma garota muito ansiosa, acordei bem cedo para na hora em que ela ligasse dizendo que já estava pronta, eu já estivesse na frente do colégio.
Só foi colocar o pé para fora de casa que meu celular tocou. Era ela.
- Gui, já estou saindo de casa. Cadê você, hein?! Já está pronto, não é?!
- Belle!!! Claro que sim. Te conheço bem, garota. Estou praticamente na porta da escola.
- Ainda bem. Ai, Gui! Estou morrendo de medo... Será que o pessoal é legal?! – disse ela com uma certa preocupação na voz
- Não se preocupe. Se não forem, você tem a mim, meu amor. Para sempre! – eu disse ironicamente
- Ai que lindo! Você está tão romântico hoje!
- Ah, fala sério, Belle! Romance não é comigo. Estou só tirando uma com a sua cara!
- Ha ha ha, eu sei! Mas desse jeito você nunca vai arrumar uma namorada. Ei, já estou te vendo. Tchau, beijos.
- Onde? – virei para o lado direito - Ah, estou te vendo também. Tchau, beijos.
Ao desligar o celular, a Belle estava já descendo do carro – não sei por quê ela veio de carro se ela mora do outro lado da rua, mas tudo bem - toda feliz, dando pulinhos, com aquele cabelo enorme que bate na cintura e aquela franjinha irritante de lado que bate no nariz. Quando chegou ao meu lado abriu aquele sorriso lindo que só ela tem, meu deu um abraço e perguntou:
- Vamos entrar?!
Não respondi. Olhei em seus olhos, sorri e peguei em sua mão. Respiramos fundo e entramos.
Parecia uma típica escola. Com tribos de todos os tipos: a dos garotos populares (onde tinha muitas gatas), a dos emos, a dos nerds, a das pessoas tímidas, a das atletas e muitas outras. Entre todas, a que eu me encaixava era a dos atletas. Não estou dizendo que tenho um corpo super definido e pareço um monstro (por mais que eu gostasse dessa ideia), mas jogo futebol muito bem e na minha antiga escola eu era o atacante. De dez jogos, ganhamos oito. Sou o cara ou não sou?! Está bem, o time também era muito bom, mas eu jogo bem. Juro.
Já a Belle, eu acho que ela poderia se encaixar em qualquer lugar, pois ela é inteligente, joga vôlei, é bonita e tem muitas outras qualidades – mas só para vocês saberem, nesse dia eu ainda não gostava dela de outra maneira. O dia em que isso acontecer, podem ter certeza que vocês vão notar.
Chegamos à secretaria e pegamos o horário. A Belle ainda estava deslumbrada com todas aquelas novidades que uma escola grande possuía. Tive que acordá-la daquele transe quando entramos na sala de aula. Mas, por incrível que pareça, ao olhar para as pessoas da classe, aquele sorriso alegre e encantador sumiu de seu rosto e em seu lugar apareceu um olhar tímido e desesperado, como se só agora ela percebera que éramos os novatos, que não conhecíamos ninguém e que não estávamos mais no Colégio Incentivo.
Nos sentamos nas últimas carteiras para não ter perigo de algum professor nos chamar. Dei uma olhada por cima e vi que tinha muita gente que parecia bem legal, mas quem realmente me chamou a atenção foi uma garota, mas não era qualquer garota, era a mais linda que eu já vi na vida. Era loira de olhos azuis, alta e magra. Acho que passei uns dez minutos olhando para ela. Ta bom, dez minutos também não foi, mas dois eu passei sim, com certeza. Porém, sai do meu transe quando olhei para o meu lado direito e vi a Belle com aquele olhar tristonho que nunca tinha visto nela. Resolvi perguntar.
- Belle, você está bem?! – indaguei com um tom de preocupação
- Estou sim, por que não estaria?! – ela respondeu com os olhos enchendo de lágrimas.
Não consegui vê-la naquele estado. Puxei-a para o meu lado e lhe dei um abraço. Perguntei o que realmente estava acontecendo. E ela respondeu:
- Acho que não devíamos ter saído lá da escola. Aqui ficaremos sozinhos, sem conhecer ninguém, sem falar com ninguém. Não gosto daqui, Gui! Me leva pra casa. – falou com as lagrimas escorrendo pelo seu rosto
- Mas, Belle, aqui... – não pude terminar, pois fui interrompido por uma garota, um pouco estranha.
- Desculpe–me se estou sendo intrometida, mas aconteceu alguma coisa? Posso ajudá-la?!
Fiquei impressionado com aquela garota. Quem fala um português tão certo assim nos dias de hoje?! “Desculpe-me” “Ajudá-la”. Mas tenho que admitir que ela foi bastante simpática, e parecia que ela realmente estava preocupada. Então respondi:
- Não foi nada demais! Ela só está um pouco nervosa e com medo por ser novata nesse colégio.
- Ah, nem me fale! Também sou novata aqui e estou morrendo de...
- Você é novata?! – perguntou a Belle agora limpando as lágrimas do rosto
- Sou sim! – respondeu ela com um sorriso simpático – Ah, perdoem – me! Chamo – me Gabriela.
- Sou a Annabelle, mas todos me chamam de Belle e esse é o Gui! – agora ela já estava sorrindo
- Prazer em conhecê-los. Mas eu chamar-lhe-ei de Anna. Não goste de ser como todo mundo. Gosto de ser diferente. – todos nós rimos
- É, eu percebi! Você fala o português corretamente. Por que isso?! Ninguém hoje em dia fala mais assim. – perguntei com um tom de ironia, mas realmente estava curioso para saber o motivo.
- O primeiro motivo eu já disse, gosto de ser diferente e o segundo é que a minha mãe é professora de português, então, desde pequena eu aprendi a falar corretamente a nossa língua e a minha mãe me faz praticar todos os dias.
- Nossa, não deve ser fácil ficar falando assim o tempo todo. – afirmou a Belle.
- No começo, realmente não é. Mas depois que você se acostuma, você não consegui mais parar de falar assim, até que tento, mas não consigo.
Tivemos que parar com a nossa conversa, pois o primeiro professor do dia entrou na sala.
Ele nos disse que era professor de Matemática Três – odeio matemática, aqueles números não entram na minha cabeça, não importa de que tipo ela seja – que se chamava Arthur e que qualquer duvida poderia perguntar a qualquer hora – só não terei duvidas se ele enfiar o livro na minha cabeça, já disse que ODEIO matemática?!Ele falou mais algumas outras coisas, mas eu não prestei muita atenção, porque a Belle me mandou um bilhete que a Gabi mandou pra ela, que tinha escrito:
Gabriela: Adorei conhecer vocês, novos coleguinhas! *-*
Belle: Também adorei te conhecer, GABI. É assim que eu e o Gui vamos te chamar, né, Gui?! Você salvou meu dia, pode ter certeza. Vou ser eternamente grata!!! KKKK
Respondi logo abaixo:
Gui: Fala sério, né?! Ficar conversando por bilhetinho é tão coisa de garota. Estou precisando arrumar amigos homens, para ver se não tenho que ficar aturando essas coisas! (KKKK) É, vamos te chamar de Gabi, Srt. Quero Ser a Diferente!
Após escrever, mandei bem rápido de volta para a Belle, que escreveu alguma coisa e mandou para a Gabi que por sua vez, escreveu mais alguma coisa. Pelo o que eu reparei a gente ia ficar naquela conversa por muito tempo.
Recebi de novo aquele papel.
Belle: Ha Ha Ha! Você tem que agradecer a nós por ter com quem conversar. Ah, adorei o “Srt. Quero Ser a Diferente”. KKKK
Gabi: Pois é! A Anna está certíssima! Sem a gente você não seria nada, Sr. Eu Sou o Gostosão. E claro que podem me chamar de Gabi. Sou eu quem gosta de ser diferente, não vocês. KKKKK
Estava prestes a responder quando o professor Arthur começou a andar em minha direção. Escondi o bilhete em baixo da capa do meu caderno e fiquei esperando para ver se era comigo mesmo que ele ia falar. Virei um pouco o rosto para o lado e vi que as meninas estavam da cor da folha A4 de tão pálidas. Ele parou na minha frente. Olhei para ele e falei:
- Sim?! Posso ajudá-lo?! – perguntei ironicamente
- Estou atrapalhando a conversa de vocês?! – ele olhou para mim, para Belle e para Gabi, estas baixaram a cabeça.
- Não, Senhor! – respondi – Só estávamos comentando...
- Comentando o que?! Fale logo, rapaz! Não tenho o dia todo. – nesse momento a turma inteira estava olhando para gente, até aquela garota loira bonita que eu falei, lembram?!
- Que o seu zíper estar aberto, Senhor! – falei com um tom irônico e desconfiado.
A turma toda riu. O professor que não sabia onde enfiar a cara se virou e voltou para o quadro fechando o zíper. Olhei para Gabi e para Belle que disse bem baixinho:
- Ufa! – e sorriu.
Nas outras duas aulas não aconteceram nada de mais.
Então, finalmente o sinal tocou para irmos ao intervalo. Saímos da sala e descemos as escadas, já que a cantina ficava no andar abaixo ao da nossa classe. No caminho, a Gabi disse:
- Ah, Gui! Foi genial a ideia de você dizer que o zíper do professor estava aberto. Tenho que te dizer: acho que eu não conseguiria pensar tão rápido assim.
- É, Guilherme! Foi demais! Eu também não conseguiria pensar assim tão rápido. Como você conseguiu?!
- Ah, foi fácil. Quando eu vi que aquela gata loira de olhos azuis estava olhando para mim, não poderia ficar por baixo, então a ideia veio na minha cabeça. Por sorte, o professor foi verificar, então, todos acharam que eu estava certo.
- Gata loira dos olhos azuis?! Ela é da nossa sala?! Você está apaixonado por ela?! – quando a Belle falou essa última frase seus olhos começaram a brilhar.
- Apaixonado?! Fala sério! Eu só disse que achava a garota gata. Você está assistindo muito filme de romance com amor à primeira vista, viu, Srt. Ribeiro! Sei não...
-Tá vendo, Gabi! Esse é o problema do Gui! Porque ele sendo assim: branquinho, alto dos cabelos pretos em moicano e olhos azuis, conquistaria qualquer garota, mas ele não é nem um pouco romântico. Eu já disse a ele que assim ele nunca vai arrumar uma namorada.
- Tenho que concordar, Guilherme. Até eu que sou “a” diferente sou romântica. Tenho sonhos com meu príncipe encantado. Toda garota tem.
- Ah, tá bom, chega dessa história. Realmente eu tenho que parar de andar com as garotas.
- Então, está bem! Se você prefere conversar assuntos masculinos e nos não entendemos nada disso, vou te apresentar um amigo meu que também se mudou para cá, mas que ficou em outra sala. – falou a Gabi.
- É melhor do que ficar mandando bilhetinhos com vocês. – disse com sarcasmo.
Elas riram da minha cara. Continuamos a andar por todo o pátio que parecia mais um formigueiro, literalmente, de tanta gente que tinha. E, finalmente, depois de andar muito, encontramos o tal garoto que a Gabi queria nos apresentar. Ele tinha um estilo surfista, mas nada de especial. Sou mais bonito do que ele.
A Gabi falou primeiro:
- Miguel, essa é a Annabelle e esse é o Guilherme.
- Eae, cara! Tudo beleza?! – falei
- Como vai, Miguel?! Bonito nome! – a Belle falou com os olhos brilhantes. Cara, como as garotas são bestas.
- Tudo ótimo. Obrigado! Annabelle também é um nome muito bonito e diferente. – ele sorriu para ela – E então, Guilherme, joga futebol?!
- Jogo sim! Era atacante na minha antiga escola, mas pelo jeito não sou mais. Você também joga?!
- Claro! É, acho que você não é mais atacante de lá, mas por que você não participa do teste para o novo time da escola?! Eu vou participar, quero ser do meio-de-campo.
- Isso é ótimo, quando vai ser?!
As garotas nos olhavam como se tentassem entender o que a gente estava falando, mas não conseguiam.
- Tudo bem, garotos. Agora a gente sabe como é ficar em uma conversa em que o assunto não é do seu interesse. Então, nós vamos dar uma volta por ai, ver os gatinhos dessa escola, enquanto vocês falam ai sobre ser atacante do meio de campo, sei lá mais o que. Tchau para vocês. – falou a Belle saindo com a Gabi.
- “Atacante do meio de campo”?! – repeti
Nós rimos.
O Miguel me disse que o teste para o time da escola seria na sexta-feira à tarde, então nós combinamos de ficar treinando durante a semana para que nós dois entrássemos no time, já que um só conhecia o outro.
Conversamos sobre vários assuntos, ainda no intervalo, como, garotas, escola, jogos de futebol e muitos outros, até que o sinal tocou para voltarmos para sala. Encontramos as meninas no meio do caminho e a Belle não deixou de dizer:
- Miguel, você tem que ir para nossa sala. Vai ser bem mais divertido. Aí, o Gui terá com quem conversar sobre os assuntos de futebol dele.
- É verdade. Seria bem melhor do que só ouvir essas conversas sobre “os garotos mais lindos do mundo”. – comentei com sarcasmo
- Ha Ha Ha. Nossas conversas são bem mais complexas do que isso, ta?! Mas a questão é: Você vai para nossa sala, Miguelito?! - perguntou Belle quando chegamos à porta da nossa classe.
- Hum... Não sei! Tenho que pensar...
Belle e Gabi se entre olharam tristes. O Miguel, que viu a cena, riu e falou:
- Claro que eu vou, né?! Ninguém merece ficar sozinho naquela sala.
As garotas começaram a gritar e pular de tanta felicidade. - Cara, como as garotas ficam felizes por tão pouco. - Após conseguirmos acalmar aquela gritaria, nos despedimos do Miguel e combinamos de entrar mais tarde no MSN para conversar sobre o dia, o futebol e tudo mais.
O resto do dia passou bem rápido; as três últimas aulas foram de História I, Filosofia e Inglês. Depois que tocou o sinal de saída, eu e a Belle nos despedimos da Gabi e do Miguel e fomos andando para nossas casas, já que morávamos perto da escola. A Belle começou a falar sobre um monte de coisas, mas nem prestei atenção, porque nesse momento a garota loira de olhos azuis passou do outro lado da rua. Comecei a encará-la e ela me retribuiu com um sorrisinho. Perguntei-me se era realmente para mim, mas quando olhei para trás não havia ninguém, então sorri para ela que virou o rosto como se estivesse com raiva. Mas por que será que ela...
- Gui?! Gui, você esta me ouvindo?! Gui!!!
Quando ouvi a Belle me chamando, voltei para a realidade.
- Oi, o que foi que aconteceu?! – falei ainda um pouco atordoado
- Eu é que te pergunto. O que aconteceu para... Agora eu entendi. – falou ela quando olhou para o outro lado da rua.
- Entendeu o que?! Não há nada para entender. – falei um pouco desconfiado.
- Então, aquela é a “gata loira dos olhos azuis”?! Parece ser muito bonita mesmo. Mas não parece ser uma pessoa muito legal.
- Ah, você está falando serio?! Ela não precisa ser legal, ela é... – ela me olhava como se não estivesse gostando muito do assunto - Mas vamos falar sobre outra coisa... Sim, Você ficou toda interessadinha no Miguel, hein?!
- Eu?! Que nada! Só achei ele bonitinho. – disse ela enquanto virávamos a esquina, exatamente na rua de sua casa.
- Sei, sei... Pronto, chegamos. Sã e salva, princesa. – tentei ficar sério, mas comecei a rir.
- Um dia, você vai encontrar uma garota que será “a” princesa para você e ficará tão envergonhado por sentir isso por alguém, por achar que esse sentimento não existisse que não saberá com demonstrar isso e a perderá para sempre... – falou ela bem séria
- Nossa! Eu acho que isso não acontecerá comigo, pode apostar! Mas agora eu tenho que ir. Tchau, mais tarde a gente se fala.
- Ok. Tchau. – falou seria e quando eu fui dar-lhe um abraço, ela virou o rosto.
- Ah, para com isso vai... Me dá um abraço. Você sabe que eu sou assim mesmo. – nós nos abraçamos e eu fui para casa.
Continuação em breve =D
xoxo,
-A.